O deputado federal Frei Anastácio (PT/PB) celebrou missa, na manhã do último sábado (29), no Assentamento da Reforma Agrária, Almir Muniz, em Itabaiana. A celebração foi em memória do líder camponês Almir Muniz, que desapareceu há 17 anos. O assentamento recebeu o nome do agricultor, que é tido como assassinado.
Participaram da missa trabalhadores de vários assentamentos, representantes da Comissão Pastoral da Terra, e Rede Cidadã (Recid), religiosos, familiares, parentes e amigos de Almir.
Almir era líder da associação das famílias da fazenda onde morava. Dois anos depois do desaparecimento dele, a área foi transformada em assentamento da Reforma Agrária pelo Incra e recebeu o nome de Assentamento Almir Muniz.
Hoje, moram no local cerca de 40 famílias, as quais cultivam na área de 400 hectares várias culturas, mantendo a terra produtiva.
“Almir Muniz morreu pela luta do povo pela terra e quem morre pelo povo morre pelo evangelho. Quem planta na dor, colhe na alegria. Hoje, estamos aqui colhendo os frutos da luta de Almir e de vários outros companheiros”, lembrou Frei Anastácio.
Ainda foi citada na ocasião, a importância de manter a memória de Almir e de toda a sua luta viva. “A história de Almir não pode ser esquecida. Temos que contar a história para nossos filhos para que continuemos lutando e resistindo”, disse João Muniz, uma das lideranças do assentamento.
O desaparecimento
Na manhã do dia 22 de Junho de 2002, o camponês Almir Muniz, de 40 anos, estava voltando de trator da cidade de Itabaiana, onde tinha acabado de rebocar o carro de seu cunhado. Almir foi visto pela última vez pegando a estrada que passava dentro do canavial que dava acesso à Fazenda Tanques. Em 1 de Agosto, o trator que Almir dirigia foi encontrado nas proximidades de Itambé, divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco. De seu corpo, nunca se soube o paradeiro.
Segundo Frei Anadtacio, diante da inércia das autoridades, várias ONGs enviaram petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando o caso. O caso do desaparecimento de Almir Muniz é uma das centenas de denúncias de violação de Direitos Humanos que constam contra o Brasil no órgão.
Celebração em Pau a Pique para celebrar 4 anos de luta
Frei Anastácio também celebrou missa, na tarde do sábado, no acampamento Pau a Pique, no município de São José dos Ramos.
As famílias comemoraram 4 anos de luta pela terra, quando decidiram não plantar cana de açúcar para o patrão e passaram a cultivar lavouras para sustento próprio.
A comunidade tem aproximadamente 120 famílias posseiras. Em agosto do ano passado, 80 hectares de lavouras foram destruídos por ordem do antigo proprietário da fazenda.
Apesar disso, a comunidade resistiu e segue na área. Já este ano, a comunidade tem 150 hectares de lavouras e comemora a boa colheita.
De acordo com Frei Anastácio, a luta do povo de Pau a Pique é uma batalha por dignidade. “Espero que esta festa seja repetida todo ano, pois ela representa o ato de luta e resistência do povo. Esperamos agora pelo grito de liberdade definitivo”, disse o deputado.